Podcast Economistas: Começar a investir aos 50 anos é muito tarde?

  • 30 de setembro de 2024
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No episódio desta semana Fernando Nogueira da Costa falou sobre o planejamento de investimentos, especialmente para quem investe pensando na aposentadoria

Está no ar mais uma edição do podcast Economistas e o tema desta semana é a importância de planejar os investimentos, especialmente quando se trata de dinheiro para a aposentadoria. Quem comenta o assunto é o professor Fernando Nogueira da Costa, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O podcast pode ser ouvido na sua plataforma favorita ou no player abaixo.

O investimento é uma estratégia essencial para construir e preservar riqueza ao longo do tempo, permitindo que pessoas, famílias e empresas possam potencializar seus recursos de várias formas. As finalidades dos investimentos também são inúmeras e vão desde a proteção contra a inflação até o crescimento do patrimônio, passando pela geração de renda passiva e preparo para a aposentadoria. As pessoas também podem investir para objetivos específicos, como fazer uma viagem ou comprar um determinado bem. Mas seja qual for a finalidade, uma das principais recomendações é começar cedo.

“Planejar um investimento, em finanças pessoais, é a prática de transformar um fluxo de renda mensal na acumulação de um estoque de riqueza financeiro. O que é importante? Fluxo é a renda recebida a cada mês, e o estoque acumula ao longo de anos. Os juros compostos fazem o seu papel”, explica Nogueira. “Há uma determinada fase da vida em que o aumento passa a ser exponencial. Mas o relevante é, desde o início da carreira, planejar as finanças pessoais”.

Além de começar cedo, outro aspecto levantado por Nogueira é a importância de investir na carreira profissional. “O grosso do dinheiro você recebe na renda do trabalho. Falo para os meus alunos: invista na sua formação. Faça o melhor curso, faça pós-graduação, especialização. Invista sempre na sua formação”, recomenda. “Se você fizer isso, a sua reputação vai atrair dinheiro. Com o tempo, você vai ganhar muito dinheiro e proteger as reservas no mercado financeiro. Mas a maior parte você vai ganhar no mercado de trabalho”.

Uma dúvida que muitos casais jovens possuem tem a ver com decidir entre alugar e financiar um imóvel. Não é uma decisão fácil, e o professor destaca a importância da educação financeira na realização desta escolha. “Conto um estudo de caso, que é o da minha filha. Minha filha é produtora de vídeo, o marido é da Universidade de São Paulo, e deram entrada numa casa pequena, mas muito gostosa”, contou. “A lógica é interessante. Moravam no bairro Pinheiros, num apartamento bom, de três quartos, pagando R$ 4 mil de aluguel, e ele seria reajustado para R$ 10 mil. Ela procurou uma casa e fez um financiamento. Vou arredondar o valor para facilitar o entendimento: R$ 6 mil”.

O professor explica os benefícios: “Em vez de pagar R$ 10 mil e não ter nenhum retorno em termos de propriedade, pagam uma prestação no prazo que dê para ficar inferior ao aluguel”. O casal calcula que, mantendo a renda atual, poderá amortizar o empréstimo em três anos. “Essa diferença de R$ 10 mil para R$ 6 mil são R$ 4 mil que você pode investir. É um custo de oportunidade. Dá pra investir e acumular reservas”.

Um dos instrumentos utilizados a fim de investir para a aposentadoria são os planos de previdência privada. Os mais comuns são o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). Cada um tem suas particularidades e há várias formas de fazer o resgate, mas o PGBL tem um benefício que Nogueira considera mais vantajoso: você pode investir anualmente até 12% da renda bruta tendo este valor deduzido na declaração de imposto de renda, gerando uma restituição.

“É uma grande vantagem para o assalariado, porque dele é descontado muito imposto de renda. Se você somar 12% da renda bruta e investir em PGBL, certamente receberá também uma restituição de IR”, comenta. “Automaticamente eu já invisto no PGBL. Cheguei a ter um terço do meu patrimônio acumulado em PGBL, com 12% da renda bruta todo ano. Em vez de pagar impostos, você usa para aumentar suas reservas”.

Outra grande vantagem da previdência privada, explica o economista, é o planejamento sucessório. “A herança que você vai deixar para os seus. Quando você investe em PGBL ou VGBL, esse dinheiro não passa pelo inventário. É liberado no mesmo mês, basta atestar o óbito”.

Uma das características mais importantes de uma pessoa que pretende investir para a aposentadoria é a constância. Mas quanto dinheiro uma pessoa precisa aportar para a aposentadoria? Esta é uma pergunta que varia não só de acordo com a renda da pessoa, mas também com seus objetivos na aposentadoria. Caso uma pessoa queira investir para a aposentadoria de modo a receber seu último salário, o professor apresenta uma maneira interessante de verificar se alguém está no caminho certo: o algoritmo 1-3-6-9.

“Li num jornal que um banco propunha aos seus clientes o algoritmo 1-3-6-9. Sou curioso e fui calcular. A hipótese é: nos primeiros 10 anos, vamos supor que a vida profissional comece aos 25, então até os 35 você deve ter acumulado de reserva um salário anual”, explica. “Passados mais dez anos, três salários anuais. O próximo degrau, aos 55 anos, ele precisaria ter seis salários anuais. E ao completar a vida profissional, aos 65 anos, ele quer se aposentar, então precisa ter 9 salários anuais”.

Mas será que um início aos 50 anos é tarde demais para começar a investir? “Em cinco anos você não conseguirá 6 salários anuais”, comenta Nogueira. “Aí vai ter que aposentar mais tarde, talvez aos 75 anos, e precisa tirar o atraso. Em 25 anos, fazer o trabalho dos outros anos. Fiz as contas: para receber R$ 42 mil reais, que corresponde ao 1% mais rico do Brasil, alguém teria que acumular 6 mil reais e precisará investir R$ 8.700 por mês”.

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