Podcast Economistas: Como a IA generativa pode auxiliar o trabalho do economista?

  • 5 de abril de 2024
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No segundo episódio da série sobre inteligência artificial, Eduardo Reis Araujo fala sobre o uso destas ferramentas para otimizar o tempo e aumentar a produtividade

Está no ar a edição nº 108 do podcast Economistas e nesta semana teremos o segundo episódio da série sobre os efeitos da inteligência artificial (IA) no mercado de trabalho do economista. De que maneira as novas ferramentas de IA podem ajudar o profissional a ser mais produtivo? E o fato de termos informações mais acessíveis pode fazer com que as pessoas deixem de consultar um profissional especializado e passem a consultar uma ferramenta virtual?

Os avanços da inteligência artificial podem ter um impacto significativo sobre várias áreas de atuação do economista. Uma delas é o mercado financeiro. Existem ferramentas que podem ser úteis na leitura de dados para automatizar decisões de compra e venda de ativos. Além disso, há vários anos existem os chamados “robôs traders”, que são programados por desenvolvedores de software para serem personalizados seguindo diferentes estratégias nas operações de curto prazo. Um usuário pode configurar as condições nas quais um ativo deve ser comprado ou vendido, o tempo médio das operações, a meta de ganhos (ou o limite de perdas), entre outros parâmetros.

“No setor financeiro você já tem assistentes virtuais que estão sendo criados para substituir um operador do mercado de ações. No passado precisava ficar alguém fazendo a análise de um gráfico para tomar decisões de compra e venda e a inteligência artificial generativa já oferece uma automatização”, comenta o economista Eduardo Reis Araujo, mestre em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo e em Políticas Públicas pela Universidade de Oxford. “Vejo estas ferramentas como assistentes que acabam servindo como parceiros para estes profissionais. Já faz algum tempo que, para este caso específico do mercado financeiro, há robôs que automatizam decisões de compra e venda no mercado de ações. Agora, com o avanço do ChatGPT e a IA generativa, há uma sofisticação e um avanço nesses modelos de previsão”.

Outro uso das ferramentas de inteligência artificial está na capacidade que elas possuem de navegar entre conhecimentos. Diferente de uma simples pesquisa no Google, ferramentas como o ChatGPT podem conversar com o usuário e trazer ideias bastante interessantes. Além disso, por meio da leitura de dados de forma rápida, a IA pode ajudar o economista a otimizar o tempo de trabalho.

“Imagine os profissionais da área de consultoria: quando recebem uma demanda de serviço, eles conseguem ampliar a possibilidade de atuação. Um economista que faz estudos de mercado pode acessar um mercado não tão conhecido e, por meio da IA, pode ter vários insights de como este mercado funciona”, pontua Eduardo, que é consultor do Tesouro Estadual do Espírito Santo. “As implicações disso para o mercado têm a ver com a elevação da produtividade. Um profissional que faz uso desta ferramenta acaba contando com um assistente virtual que pode fazer o seu trabalho ser otimizado. No passado, você recebia de um cliente uma planilha muito extensa para analisar, podia ficar quatro ou oito horas debruçado sobre ela, e o uso da IA generativa pode diminuir para duas horas”. E este ganho de produtividade, afirma o economista, pode fazer a diferença entre um profissional ter mais oportunidades ou perder espaço no mercado.

Existem instrumentos e conhecimentos que são próprios da profissão de economista. Será que as ferramentas de IA vão, de alguma forma, substituir o trabalho dos economistas? Será que alguém interessado em um serviço vai consultar o ChatGPT em vez de consultar um economista?

“Na faculdade um economista tem acesso a conhecimentos sobre modelos econométricos, e isso é muito próprio deste profissional. O ChatGPT e outros modelos de IA acabam empoderando outras pessoas para usar estas ferramentas”, observa Araujo. “Se você fizer o upload de uma planilha de vendas, ele pode te ajudar a fazer uma projeção de forma automatizada. Neste aspecto, ele faz o trabalho de um economista”.

Mas o conselheiro federal faz uma ressalva: “Da mesma forma que eu posso usar o ChatGPT para obter orientações e fazer uma análise de saúde, ele não substituirá o médico, nem o economista, porque vai faltar o senso crítico”, afirma. “Se eu pegar uma série histórica da taxa de câmbio e pedir que ele preveja o câmbio daqui a 30 dias, é bem provável que ele dê uma resposta, mas um economista mais experiente saberá que esta é uma variável quase impossível de ter uma projeção confiável”.

O economista também abordou o conceito de machine learning (aprendizado de máquina), que vem sendo usado dentro do contexto da inteligência artificial, e pode ajudar na prevenção de fraudes. “Na minha área de estudos, que é a administração fazendária, há várias Secretarias de Fazenda que usam estes modelos para evitar que uma empresa fraudulenta seja cadastrada, ou para iniciar um professo de fiscalização”, conta Araujo. “Imagine empresas de fachada criadas apenas para sonegar impostos. Elas são criadas num dia, cometem fraudes e você não consegue localizar o empresário. Há algoritmos que são treinados para filtrar, numa base de dados, qual é o perfil das empresas que têm este tipo de comportamento. Ao receber uma nova inscrição com estas características, o sistema emite um alerta e já inicia um processo de investigação”.

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