RÁDIO COFECON NO AR

  • 23 de fevereiro de 2017
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Já está no ar a Rádio Cofecon. A iniciativa é uma parceria entre o Conselho e a Agência do Rádio para produção de reportagens sobre assuntos econômicos. As matérias são distribuídas para mais de 3 mil emissoras radiofônicas em todo o país e podem ser acessadas pelo link http://cofecon.agenciadoradio.com.br/ ou clicando no banner “Rádio Cofecon” na página inicial do site. Você pode ouvir a qualquer momento. É de graça. Porém, o conteúdo não pode ser alterado. Aproveite e ajude a divulgar este novo canal de comunicação dos economistas.

O programa inaugural “Agência Entrevista”, da Rádio Cofecon, foi gravado com o presidente da autarquia, Júlio Miragaya, e abordou a atual conjuntura econômica brasileira. Miragaya analisou o desempenho econômico do país em 2015 e estabeleceu um prognóstico para este ano. Confira a transcrição da entrevista na íntegra:

AE – Olá, meu nome é João Paulo Machado e esse é o programa Agência Entrevista, gravado nos estúdios da Agência do Rádio, em Brasília. Nesta edição, vamos conversar com o Presidente do Conselho Federal de Economia, Cofecon, Júlio Miragaya, sobre a atual situação econômica do país. Júlio Miragaya também vai projetar as perspectivas para a economia em 2016 e analisar as ações do governo para tentar conter a crise. Presidente, muito obrigado por nos atender.

JM – Tudo bem, João Paulo? Minha saudação aos ouvintes do programa Agência Entrevista.

AE – Júlio Miragaya, 2015 foi um péssimo ano para a economia brasileira. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central, o IBC-Br, espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto, o PIB, recuou 4,11 por cento no ano passado. Se for confirmado pelo IBGE, esse vai ser o pior resultado para o PIB brasileiro desde 1990. Por que isso aconteceu?

JM – O PIB teve forte queda em 2015, em decorrência de uma infeliz decisão do Governo Federal de promover um ajuste recessivo para corrigir políticas equivocadas adotadas em 2014. Até 2013 o governo Dilma vinha tendo desempenho satisfatório, com o PIB crescendo em média 3% ao ano, mas o governo decidiu ampliar as concessões aos empresários, com excessivas isenções, desonerações e subsídios, comprometendo a receita do Tesouro e da Previdência Social. Daí adveio o ajuste, com forte arrocho nos gastos públicos associado a uma elevadíssima taxa de juros levando o país à recessão e à elevação do desemprego.

AE – Quais são as perspectivas para 2016? A economia pode iniciar uma recuperação neste ano?

JM – Vai depender se o governo muda ou não sua política econômica. Se continuar persistindo no modelo de ajuste fiscal e elevada taxa de juros, dificilmente retomaremos o crescimento. É crucial reduzir a taxa de juros, condição para desestimular o rentismo, estimular o investimento privado, baratear o crédito para o consumo e ampliando o investimento público. Feito isso, favorecido pela subida do dólar, que melhorou a competitividade de nossa indústria e a situação de nossas contas externas e pela desaceleração da inflação nos próximos meses, teremos tudo para voltarmos a crescer ainda em 2016, mais para o último trimestre.

AE – Estamos conversando com o Presidente do Conselho Federal de Economia, Cofecon, Júlio Miragaya. Ele está comentando a atual situação econômica brasileira. No próximo bloco, vamos falar sobre quais ações o governo pode tomar para tentar reequilibrar a economia. Como por exemplo, a recriação da CPMF e a reforma na Previdência.

AE – Estamos de volta com o Agência Entrevista. Um programa gravado nos estúdios da Agência do Rádio, em Brasília. Meu nome é João Paulo Machado e prossigo a entrevista com o Presidente do Conselho Federal de Economia, Cofecon, Júlio Miragaya. Presidente, o governo Federal tem tentado criar soluções para reequilibrar a economia. Uma alternativa proposta pelo Executivo é a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras, a chamada CPMF. Na opinião do senhor, a recriação do imposto pode ser uma saída para amparar as contas públicas?

JM – Os mais ricos no Brasil reclamam do aumento de impostos de barriga cheia, pois quem paga mais tributo são os trabalhadores e a classe média, em função de um modelo tributário que penaliza mais a produção e o consumo e pouca tributa a renda e a riqueza. A CPMF é um imposto progressivo, ou seja, paga mais quem tem movimentação financeira maior, os mais ricos. Por esta razão, eles são contrários. E a receita da CPMF será para reforçar o orçamento da Previdência Social, que precisa ser ampliada para atender uma demanda crescente.

AE – Outro debate que está acontecendo no País é a questão da reforma previdenciária. O senhor acredita que a proposta de uma idade mínima para a aposentadoria seria o começo de uma reforma fiscal e depois um limite para os gastos públicos?

JM – Sou totalmente contrário à fixação da idade mínima para aposentadoria em 65 anos porque isso penalizaria basicamente os trabalhadores mais pobres, que começam a trabalhar ainda muito jovens e têm uma expectativa de vida menor. Creio que a fórmula 85/95, que combina idade e tempo de contribuição seja a mais adequada. A previdência não seria deficitária se os recursos da CSLL e do Cofins fosse destinado integralmente para ela, se as empresas pagassem os 400 bilhões que devem, se não houvesse renúncia tributária de 40 bilhões a cada ano, se não houvesse sonegação e fraude. Limite para os gastos públicos deveria começar por limitar os gastos com juros da dívida pública, que em 2015 somou 500 bilhões.

AE – Muito bem, eu conversei com Júlio Miragaya, Presidente do Conselho Federal de Economia, Cofecon. Júlio Miragaya, muito obrigado por participar do Agência Entrevista.

JM – Minha saudação aos ouvintes e os votos de que o governo Dilma volte a priorizar os interesses do povo e não satisfazer a vontade do mercado financeiro e das grandes empresas, para que o Brasil possa superar a crise e voltar a crescer, gerar emprego e distribuir a renda.

AE – Para ter mais informações sobre a situação econômica do país, acesse a página do Cofecon na internet. O endereço eletrônico é o www.cofecon.org.br. O Agência Entrevista fica por aqui. Até a próxima. Tchau!

 

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