Artigo – Sob rédeas curtas

  • 17 de junho de 2016
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Após a depressão econômica de 1929/38 e a 2ª Guerra Mundial, o sistema capitalista erigiu instrumentos de monitoramento e controle sobre as políticas macroeconômicas dos países sob sua dominação, de forma a evitar sobressaltos.

Os principais foram o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BIRD), seguidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC), sucessora do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT). Durante anos essas instituições determinaram aos países, principalmente os periféricos, os limites das políticas econômicas que poderiam seguir.

Já em 1989, com o início da derrocada do socialismo burocrático no leste europeu e o mundo sob a ampla dominação do imperialismo norte-americano, foi formulado por expoentes do FMI e BIRD, ambos sediados na capital norte-americana, o chamado “Consenso de Washington”, que consistia em um conjunto de dez regras de natureza neoliberal voltadas aos interesses do grande capital (ampla abertura comercial, privatizações das empresas estatais, eliminação de restrições ao investimento estrangeiro direto, redução dos gastos públicos, redução dos impostos para os mais ricos, juros e câmbio determinado pelo mercado, desregulamentação financeira e flexibilização das regras trabalhistas, entre outras).

Este conjunto de regras passou a ser imposto aos países periféricos subdesenvolvidos (entre os quais o Brasil) como uma espécie de cartilha de medidas macroeconômicas. Após a crise das empresas “pontocom” em 2002 e a forte crise iniciada em 2007/08, o receituário dessas organizações se desmoralizou e boa parte da atribuição de proferir receitas passou às agências de risco que, muito embora tenham se equivocado rotundamente na atual crise, permanecem ditando regras aos países, fazendo verdadeiras chantagens caso esses não sigam seus receituários. É o que vem se passando no Brasil.

Júlio Miragaya, presidente do Conselho Federal de Economia

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