Solenidade do Cofecon é marcada por discursos de reconstrução do país
O Conselho Federal de Economia realizou nesta quinta-feira (27) a solenidade de lançamento do projeto Economia em Debate. Na ocasião, o presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda, foi reconduzido ao cargo, e o novo vice-presidente, Paulo Dantas da Costa, bem como os novos conselheiros federais, foram empossados em seus cargos.
Lacerda, em seu discurso de posse, agradeceu a oportunidade dada por seus pares de estar mais um mandato à frente da Autarquia. “Será meu terceiro ano e muito me honra ser reconduzido ao cargo de presidente nesta minha segunda passagem pelo Cofecon, já que houve uma anterior há 20 anos, e poder servir aos economistas e à sociedade mais uma vez”.
O período de Lacerda à frente da autarquia tem sido marcado pela pandemia e pelas medidas adotadas para enfrentá-la. “Não ficamos parados. Continuamos realizando nossas ações virtualmente. Fizemos mais de 200 eventos ao longo deste tempo, entre reuniões, seminários, lives e tudo o que foi possível fazer. Até o XXIV Congresso Brasileiro de Economistas, com mais de 100 palestrantes nacionais e internacionais, conduzido pelo nosso colega Waldir Pereira Gomes”, comentou o presidente.
No cenário econômico, o presidente destacou o déficit social vivido pela economia brasileira, com o quadro de estagflação e desemprego (incluindo desalento e subocupação) que afeta mais de 30 milhões de pessoas. “Temos um terço da população economicamente ativa fora do mercado de trabalho”, alertou Lacerda. “Além de uma situação social, é uma questão econômica, porque elas estão alijadas do mercado sob uma óptica capitalista. O primeiro desafio é incorporar estas pessoas. E a pandemia jogou, literalmente, dezenas de milhares de brasileiros na rua”.
Diante do retrocesso vivido pelo país nos últimos anos, Lacerda chamou a atenção para o papel do Conselho e dos economistas para a retomada do crescimento e do desenvolvimento. Para o presidente do Cofecon, além da defesa da profissão, da regulamentação e da fiscalização, o Conselho e os economistas precisam derrubar velhos dogmas e citou, como exemplo, o teto de gastos. Tive a oportunidade de lançar aqui, há dois anos, o livro O Mito da Austeridade, no qual apresentava com outros economistas o grande engodo que é o teto de gastos. Dois anos se passaram e nós chegamos ao menor nível de investimento público histórico no Brasil. Sem investimento não há o efeito multiplicador desses recursos e tampouco o efeito demonstração para o setor privado. Então é urgente revogar esta trava”, alertou.
Ao falar sobre a taxa de juros brasileira – que foi a que mais subiu no ano passado – o economista mais uma vez ressaltou a importância do profissional das Ciências Econômicas afirmando que “é nosso papel apresentar as alternativas existentes para superar as mazelas econômicas, para superar e corrigir mais do que o déficit fiscal, que é relevante, mas o déficit social. É isso o que precisa ser operado”.
Lacerda também chamou a atenção para as ações de enfrentamento à PEC 108, que desregulamentava as profissões e mudava a natureza jurídica dos Conselhos. “A desregulamentação representava uma enorme ameaça. O Cofecon se alinhou aos demais Conselhos sob a liderança do Mauro Kreuz, presidente do CFA, aqui conosco, que desenvolveu este trabalho de forma brilhante e com muita habilidade, sem fazer muito barulho, na hora certa realizando as ações necessárias, ora nos bastidores, ora públicas, mas com muita competência”.
O vice-presidente empossado, Paulo Dantas da Costa, que participou da solenidade de forma remota, chamou a atenção para as dificuldades que o país tem enfrentado e a importância do diálogo para superação dos problemas atuais. Ao se dirigir ao presidente Lacerda, Dantas completou: “haveremos de nos juntar aos que estão ao nosso lado no Cofecon, nos Corecons, e em toda a comunidade dos economistas do Brasil, para que juntos possamos dar a contribuição que a sociedade espera dos economistas”.
Flávia Vinhaes Santos, presidente do Corecon-RJ, participou da mesa como representante dos demais presidentes de Corecons. “É importante alertar a todos quanto à complexidade do ano de 2022, tanto no cenário político quanto econômico. Já estamos no sétimo ano que intercala estagnação e recessão e tudo indica que neste ano o cenário não vai ser revertido”, destacou Flávia. “O Cofecon terá o desafio de vocalizar e reverberar as denúncias sobre a má condução da política econômica que gerou desemprego, pobreza e vamos ter que apontar caminhos de resgate de um projeto nacional e um comprometimento com a vida, com a justiça social e a democracia”.
O presidente do Corecon-PB, Francisco Nunes de Almeida, falou sobre a realização do XXVII Simpósio Nacional dos Conselhos de Economia e sobre a pandemia. “Normalmente as crises pandêmicas têm três fases muito bem definidas: sobrevivência, recuperação e superação. Nós estamos ainda a vivenciar a primeira fase, trabalhando na segunda”, comentou Almeida. “Somos demandados pelos meios de comunicação para esclarecer à sociedade brasileira sobre os efeitos e consequências da crise. Imaginamos que até o final do ano a sobrevivência humana esteja mais sob controle, o que aumenta nossa responsabilidade, como economistas, de trabalhar com profissionais de ouras áreas numa proposição de soluções que nos permitam vencer as fases 2 e 3. São estes desafios que levaremos como temática para o nosso Since, que acontecerá no segundo semestre em João Pessoa”.
A conselheira federal Teresinha de Jesus Ferreira da Silva representou os conselheiros que tomaram posse durante a solenidade. “Estamos tomando posse num momento muito difícil da economia. Estamos passando por problemas socioeconômicos e políticos”, comentou a conselheira. “O Sistema Cofecon/Corecons tem o papel de olhar a questão do ser humano e dos princípios elementares da economia, como a igualdade social e o emprego, além de levar qualidade de vida para as pessoas. Somos formadores de opinião e temos que assumir nosso papel de definir cenários, avaliar, criticar políticas que são implementadas e sermos vigilantes para que a economia cresça”.
Na solenidade, Mauro Kreuz, presidente do Conselho Federal de Administração, representou o Fórum dos Conselhos Federais de Profissões Regulamentadas, do qual é coordenador. Após expressar sua admiração por Lacerda, falou de sua perplexidade pela desconstrução nacional. “Não é possível que um país pujante com tantas riquezas ser cada vez mais uma fábrica de miseráveis. Alguma coisa está equivocada. Somos privilegiados pela natureza. No entanto, estamos retrocedendo ano após ano econômica e socialmente”, afirmou Kreuz. Em sua fala, o administrador chamou a atenção para o papel das Ciências Econômicas, da Administração e das Ciências Contábeis, como tripé das Ciências Sociais Aplicadas e completou: “precisamos juntos, as três profissões, desenhar um projeto de nação”.
Como representante dos estudantes da Ciência Econômica, Marcos Antonio da Silva e Silva, presidente da Federação Nacional dos Estudantes de Economia (Feneco), iniciou sua fala ressaltando a parceria do Cofecon com a entidade. “Gostaria de ressaltar meu orgulho de ver a parceria do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais com a entidade, promovendo uma agenda em que os estudantes têm muito interesse em vir construir um país em que as Ciências Econômicas podem participar da tomada de decisões”, afirmou.
Assinatura dos termos de Posse
Presidente do Cofecon para o ano de 2022 – Antonio Corrêa de Lacerda é doutor pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), professor-doutor da Faculdade de Economia, Administração, Ciências Contábeis e Atuariais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Lacerda foi economista-chefe e diretor de economia de empresas e organizações, e atua como consultor econômico. É articulista assíduo de publicações, comentarista do Jornal da Cultura (TV Cultura) e autor de cerca de 20 livros na sua área de atuação, tendo sido um dos ganhadores do Prêmio Jabuti, na área de economia, no ano 2001, pelo seu livro “Desnacionalização”.
Vice-presidente do Cofecon para o ano de 2022 – Paulo Dantas da Costa participou da solenidade de forma remota. O novo vice-presidente do Cofecon é graduado em Ciências Econômicas pela Faculdade Católica de Ciências Econômicas da Bahia, especialista em Direito Tributário e Administração Financeira Governamental. Como Auditor Fiscal ocupou diversos cargos de direção, inclusive o de Coordenador de Programação Financeira. Foi presidente e vice-presidente do Corecon-BA e presidente do Cofecon em 2014 e 2015. Nos últimos anos teve destacada atuação nas comissões de Normas e Legislação e de Reforma Tributária.
Conselheiros eleitos para o triênio de 2022-2024 – conselheiros efetivos Clóvis Benoni Meurer, Lauro Chaves Neto, Teresinha de Jesus Ferreira da Silva e Heric Santos Hossoé, Maurílio Procópio Gomes e Paulo Dantas da Costa; conselheiros suplentes Júlio Flávio Gameiro Miragaya, Rogério Vianna Tolfo, Eduardo Reis Araújo, Paulo Hermance Paiva, Paulo Roberto de Jesus e Gustavo Casseb Pessoti.
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