Superar a crise política é condição para a superação da crise econômica

  • 4 de fevereiro de 2016
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O Conselho Federal de Economia (COFECON) manifesta sua preocupação com o impacto negativo que a crise política vem causando à economia do país, impedindo que soluções sejam alcançadas para mudança da trajetória econômica atual, marcada pelo descontrole dos níveis de preços, aumento das incertezas, queda da atividade produtiva e aumento do desemprego.

Se por um lado o Executivo vem praticando ações de forma contraditória e errática, tornando mais aguda a crise econômica, o Legislativo, por sua vez, ao encaminhar propostas de pautas dissonantes à agenda de enfrentamento da crise patrocinada pelo governo, em nada está contribuindo para superação dessa crise.

Ao longo do ano de 2015 as ações do governo federal, com o objetivo de promover um ajuste nas contas públicas a fim de corrigir equívocos anteriores, como a promoção de desonerações exageradas, entre outros erros, levaram o país a uma recessão econômica. Tal situação provocou a redução da arrecadação, num movimento contraditório, principalmente num momento em que era necessário aumentar a receita governamental. Potencializando a questão, o governo promoveu um ciclo de aumento da taxa de juros (SELIC), que acabou por impactar significativamente o resultado das contas públicas e elevar a dívida pública interna, num momento em que se tornava necessária a redução da relação dívida/PIB e o aumento da sua capacidade de investimento. A contradição reside no fato de que essa atitude levou justamente a uma situação inversa à necessária.

O COFECON entende que a retomada do crescimento da economia somente se dará a partir da mudança da atual matriz econômica, de modo que ocorra a redução sustentada da taxa de juros para patamares que permitam o aumento dos investimentos do setor privado, o estímulo ao consumo das famílias, a diminuição do montante pago como serviços e juros da dívida pública e, como consequência, o aumento da capacidade de investimento do próprio setor público.

Resta claro que a inflação atual não tem como causa pressões de demanda, tornando inócuo seu combate pela via do aumento de juros. Assim, uma Política Monetária que visa quase que exclusivamente a restrição da demanda efetiva da economia acaba tendo como efeito final a queda da atividade econômica e o aumento do desemprego. Mais importante no atual cenário passa a ser o estímulo à atividade econômica, a geração de emprego, a diminuição da ociosidade no setor produtivo e o aumento dos investimentos capazes de permitir a ampliação da oferta agregada e a retomada do crescimento econômico.

Sem embargo, às vésperas do início do ano legislativo, espera-se que lideranças parlamentares deixem de apostar no quanto pior a economia, melhor para atender seus interesses pessoais e políticos. Nesse sentido, o Conselho Federal de Economia se posiciona contrário a qualquer tentativa de subversão do Estado Democrático de Direito.

Portanto, a sociedade brasileira aguarda que seus representantes, tanto no Executivo quanto no Legislativo, promovam um debate responsável para superação da crise, procurando soluções que atendam efetivamente os interesses do país.

Conselho Federal de Economia (COFECON)

 

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